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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Campinas - EMDEC avalia aparelho para deficiente visual no transporte público

27/08/2012 - 09:30

Foto: Foto: Divulgação EMDEC


Gilson Rei

Um dispositivo desenvolvido na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) poderá ajudar deficientes visuais a usar o transporte público em Campinas. O aparelho "conversa" com motoristas e usuários por meio de um sistema de rádio-freqüência de fácil utilização e preço acessível.

A novidade começou a ser avaliada pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (EMDEC), que recebeu na quinta-feira passada, dia 23 de agosto, um grupo de representantes da Geraes Tecnologias Assistivas, de Belo Horizonte (MG), empresa responsável pelo desenvolvimento, fabricação e instalação do produto.

O engenheiro Adriano Assis, um dos diretores de Desenvolvimento da Geraes, explicou que o DPS2000, nome dado ao sistema, consiste em dois pequenos aparelhos que se comunicam por ondas de rádio. “Um deles é um emissor de ondas de rádio que tem o formato semelhante a um celular e fica com o usuário. Este aparelho permite a programação das linhas de ônibus que a pessoa usa”, afirmou. Ao todo, 50 linhas poderão ser gravadas. O usuário poderá também fazer regravações, caso tenha necessidade.

Quando o passageiro chega ao ponto de parada e escolhe uma das linhas no aparelho, o dispositivo começa a emitir um sinal. Este sinal é percebido dentro do ônibus quando o coletivo da linha desejada chega a cerca de 100 metros do emissor. Isto acontece por meio de um dispositivo receptor de rádio instalado no ônibus. O aparelho que fica no ônibus avisa o motorista, através de um bip permanente, de que há alguém com deficiência visual a espera no próximo ponto de parada.

A partir do momento em que o veículo estaciona, um pequeno alto-falante na porta do ônibus avisa ao usuário o número e o nome da linha daquele coletivo. "Com o aviso, a pessoa que está esperando sabe que seu ônibus chegou e, pelo som, consegue se orientar até a porta”, disse Assis. Depois que a pessoa entrar e decidir desligar o aparelho, o aviso sonoro para.

Experiências

O sistema já funciona na cidade de Jaú desde 2010, onde 100% da frota possui o aparelho instalado. Naquela cidade, o sistema foi adquirido pela Prefeitura Municipal, que instalou o receptor nos ônibus e distribuiu gratuitamente os aparelhos emissores aos deficientes visuais cadastrados na Secretaria de Transportes da cidade. A manutenção dos aparelhos, quando é necessária, é feita pela Geraes, por meio do serviço de atendimento ao usuário da Secretaria de Transportes da cidade.

Em Araucária (PR), o sistema foi implantado no transporte coletivo a partir de 2011, porém o investimento partiu da empresa concessionária do sistema de transportes coletivos da cidade. Segundo Assis, o equipamento receptor (que fica nos ônibus) custa em torno de R$ 900,00 e o aparelho emissor (que fica com o usuário) custa cerca de R$ 390,00.

DPS2000

O DPS2000 leva o nome de seu inventor Dácio Pedro Simões (DPS) e a data do primeiro protótipo criado (2000). Foi desenvolvido na Escola de Engenharia da UFMG há cinco anos e pode ajudar também cadeirantes e idosos. Nas duas cidades em que foi adotado, houve um treinamento de capacitação de motoristas, fiscais e gestores de tráfego, ministrado pela Geraes.

O chefe do Departamento de Controle de Atendimento à Comunidade da EMDEC, Juarez Bispo Mateus, disse que este sistema facilita muito o dia a dia das pessoas cegas que costumam pegar ônibus sozinhas. “A grande maioria tem como maior dificuldade o embarque nos ônibus. O sistema garante o direito de ir e vir como qualquer cidadão”, disse Juarez.

Juarez afirmou que teve conhecimento do sistema há alguns meses e até foi conhecer de perto como funciona na frota de Jaú. “Funciona perfeitamente e poderá ser uma excelente opção para garantir 100% de acessibilidade aos usuários do transporte, principalmente aqueles com deficiência visual”, comentou.

O estudo deverá ser debatido nos próximos dias na tentativa implantar o sistema através de uma parceria, envolvendo as empresas concessionárias do transporte de Campinas, a EMDEC e a Secretaria de Cidadania, Assistência e Inclusão Social.

Na quinta-feira, a EMDEC levou também o sistema às pessoas com deficiência visual do Centro Cultural Luis Braille com a presença do coordenador da área de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência, Sérgio Gonçalves, que atua na Secretaria de Cidadania, Assistência e Inclusão Social. “O ideal é buscar parcerias em todos os níveis e esferas, desde as municipais e estaduais até as federais para poder trazer para cidade um sistema que vai facilitar a vida de todos”, disse Gonçalves.

A EMDEC levou o sistema também ao Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), onde foi criado o Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva (CNRTA), uma ação do Programa “Viver sem Limite”, gerenciado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

O investimento inicial previsto neste centro será de R$ 12 milhões. O objetivo é de articular uma rede formada por outras instituições e pelo setor industrial, mobilizando e fomentando a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologia assistiva para que bens e serviços tecnológicos sejam distribuídos massivamente no mercado, com custos acessíveis.

O Centro não atenderá diretamente às pessoas com deficiência, mas contribuirá, de forma efetiva, para a melhoria da inserção delas na sociedade. Hoje, segundo dados do Censo IBGE/2010, o Brasil tem 45 milhões de pessoas com deficiência.

Fonte: Prefeitura de Campinas

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