01/06/2010
Francisco Carrión.
Cairo, 1 jun (EFE).- Com uma chamativa cor vermelha, os 200 primeiros ônibus movidos a gás natural do Egito acabam de tomar as ruas do Cairo, uma megalópole de trânsito enfurecido na qual o transporte público se caracterizou sempre pela desordem.
"Antes o ônibus não era confortável, mas agora conta com uma tecnologia moderna e é novo. Não peço mais nada", explica à Agência Efe Mustafa Ali, um motorista com 26 anos de experiência ao volante no transportes público municipal do Cairo.
É meio-dia e Mustafa faz a rota com cerca de 20 passageiros a bordo.
O "Mercedes" dele ainda conserva o brilho imaculado da estreia, embora seu interior esteja enfeitado com flores artificiais coloridas que se estendem pelo teto e enchem o painel de comando do carro.
"Eu mesmo me encarreguei da decoração", diz Mustafa orgulhoso enquanto percorre sua cabine com os olhos.
E acrescenta: "gosto de cuidar do meu ônibus. O anterior ficou seis anos comigo e o deixei limpo".
O veículo percorre devagar as ruas da capital egípcia, que concentra metade do parque automobilístico do país e na qual acontecem 20 milhões de deslocamentos diários com emissões de dióxido de carbono que chegam as 13 milhões de toneladas ao ano, segundo dados do Banco Mundial.
Durante o trajeto, as portas permanecem abertas e os usuários vão subindo sem que o ônibus nunca chegue a parar.
Apesar do ímpeto renovador, os novos ônibus ainda conservam algumas das características de seus destrambelhados antecessores, como os vendedores que pululam entre os passageiros vendendo desde lenços até cola.
Quando o projeto de reforma for concluído em 2012, 1,1 mil novos ônibus circularão pelo Cairo a fim de renovar uma frota envelhecida e reduzir o número de acidentes causados, entre outros motivos, pelo mal estado de conservação do transporte público.
O governador do Cairo, Abdelazim Wazir, também confia que com os ônibus deve diminuir o número de microônibus e vans privadas que, na sua opinião, "promovem a anarquia" e acabam ganhando a fama de serem "os diabos do asfalto".
A passagem dos novos ônibus custa uma libra egípcia (US$ 0,17), embora o preço seja maior nos ônibus com ar condicionado, desenhados para incentivar o uso entre a "classe média".
Os clientes parecem satisfeitos com a novidade. Eleshaa, um jovem egípcio opina que eles "são mais cômodos, limpos e avançados que os velhos".
Em cartas publicadas na imprensa local, os usuários também elogiam a qualidades dos ônibus de "aspecto luxuoso e confortável" e não esquecem nenhum detalhe.
"Até as escadas são mais acessíveis para os idosos", escreve um leitor. EFE
Fonte: Portal G1
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