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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Faltam motoristas, de quem é a culpa?

SEX, 20 DE MAIO DE 2011
A defasagem atual gera conflito no setor
País carece de 120 mil profissionais


O Brasil é o terceiro País com mais dificuldade de encontrar profissionais qualificados para preencherem as vagas disponíveis no mercado, de acordo com pesquisa realizada pela Manpower, empresa que atua na área de recursos humanos. Segundo o levantamento, o índice de empresários que não conseguem achar pessoas adequadas para o trabalho é de 57%. No setor de transporte, essa realidade se amplifica e a falta de motoristas de caminhões já compromete a “saúde” do segmento.



De acordo com a Unicam (União Nacional dos Caminhoneiros do Brasil), apenas no Estado do Mato Grosso existem mil vagas em aberto para condutores. Uma das justificativas é que os candidatos possuem CNH (Carteira Nacional de Habilitação) categoria E, mas sem experiência para ocupar o cargo.



Quando o leque é aberto, a defasagem de motoristas atinge mais de 120 mil em todo o Brasil. Frente essa dificuldade e para evitar o colapso, algumas empresas estão buscando mão de obra qualificada em países vizinhos.



No entanto, segundo a união, roubos de cargas, baixo salários, dificuldade de aquisição de caminhões novos por autônomos, problemas com frete, estradas ruins e poucas opções de qualificação integram a lista de situações que acabam corroborando para a manutenção do atual cenário.



“Hoje, 58% do transporte de mercadorias utilizam as rodovias e são feitos por caminhão. No entanto, alguns percalços acabam desestimulando a chegada de novos profissionais. O valor do frete é muito baixo e as condições de trabalho são precárias. O caminhoneiro passa muito tempo na fila para carregar ou descarregar nas empresas, portos e armazéns”, discursou José Araújo da Silva, presidente da Unicam.



Para Flávio Benatti, presidente da CNT (Confederação Nacional do Transporte), todas essas questões são replicadas na mídia e acabam minando a atratividade da profissão. “Diante disso, a CNT trabalha para melhorar a imagem do setor, buscando intensificar os debates a fim de agilizar as regras e as normas”, declarou o executivo.



Tecnologia atropelou



Querendo ou não, o alto teor de tecnologia com sistemas complexos que as montadoras passaram a aplicar nos novos modelos também colabora para isso. De acordo com Adalberto Panzam, presidente do conselho de administração da Aslog (Associação Brasileira de Logística), a eletrônica “atropelou o antigo sistema” e a formação ficou mais complicada.

No entanto, o executivo reconhece que a questão é mais profunda e de ordem educacional. “Temos uma formação deficiente que acarreta no analfabetismo funcional que acaba atrapalhando o raciocínio lógico e a comunicação interpessoal. É preciso fortalecer o ensino fundamental”, disse.


Mesmo assim Panzam ressalta a participação das associações no intuito de ampliar o número de profissionais capacitados, como o anúncio feito pelo Sest/Senat sobre a criação de um programa para qualificar mais de 66 mil condutores para o transporte de cargas e passageiros.



“As pessoas continuam treinando motoristas de caminhão em carro de passeio. Isso precisa mudar. A realidade do mundo é outra, a tecnologia nos atropelou”, disse o executivo, que prosseguiu: “podemos mudar a realidade, mas é preciso que o profissional e as empresas queiram. O caminho é esperar menos pelo Estado e parar de pensar pequeno”.

Fonte: Webtranspo 
MARCO GARCIA - FOTO: DIVULGAÇÃO

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