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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Torino por Adamo Bazani








HISTÓRIA DO MARCOPOLO TORINO – A UNIÃO DE VÁRIAS OUTRAS 

HISTÓRIAS:

Quando se fala de Marcopolo Torino, é possível citar a união de várias histórias, que mostram o desenvolvimento econômico, social e urbano. Afinal, os transportes estão ligados ao dia a dia das cidades, do País e presentes no cotidiano e lembranças de milhões de pessoas.
E um modelo que está no mercado há trinta anos certamente guarda em si todas estas histórias, ou parte delas.
O Marcopolo Torino foi criado numa nova fase que a fabricante, que graças a ele também se tornou uma das maiores indústrias de ônibus do mundo, entrava em mudanças.

Os rodoviários deixariam de ter os nomes Marcopolo, como eram o Marcopolo I (1968 – 1972), Marcopolo II (1971 – 1975), Marcopolo III (1974 – 1983) e Marcopolo III SE (1974 – 1983). Eles seriam substituídos pelo Viaggio G4 800 (1983-1992), Viaggio G4 950 (1983-1992), Viaggio G4 1100 (1983-1992) e Viaggio G4 Strada (1983-1992) e posteriormente viriam os modelos mais altos e de maior padrão da família Paradiso.
A Marcopolo entrava numa nova fase de mercado, visual e de qualidade na produção de produtos.
E foi o Torino o modelo que deu início a esta nova história no segmento de urbanos.
Ele foi desenvolvido em 1982, tendo sua primeira unidade feita neste ano, e lançado oficialmente em 1983. Seu objetivo conferia ao modelo uma grande responsabilidade, substituir a linha de urbanos Veneza, mais especificamente o Veneza II.
O Veneza foi um modelo de sucesso e marcou o fim dos anos de 1970 e início dos anos de 1980, quando, apesar das turbulências inflacionárias do País que prejudicavam empresas e passageiros, os transportes precisavam urgentemente se modernizar. Para se ter uma ideia do contexto do Veneza, o primeiro ônibus para BRT – Bus Rapid Transit – do Brasil, e do mundo, o de Curitiba, em 1974, na gestão de Jaime Lerner, foi justamente um Veneza Expresso, com motor Cummins.
As cidades cresciam. A população brasileira deixaria de ser rural para começar a se transformar em tipicamente urbana.
As cidades precisavam de veículos modernos (para a época), econômicos (diante das sucessivas crises do Petróleo dos anos de 1970 e 1980) e que fossem flexíveis para um trânsito que se tornava cada vez pior.
Perceba a responsabilidade para a criação do Torino.
A primeira geração do Torino teve seu protótipo construído na fábrica da Eliziário, em Porto Alegre, no ano de 1982, nesta época já pertencente à Marcopolo. Mas a produção em série começou na planta de Caxias do Sul, no bairro Planalto.
O modelo trazia um pouco das linhas do SanRemo II. A janela do motorista era, portanto, considerada pequena e a placa traseira de identificação ficava no para-choque.
Já em 1984, mesmo ainda em sua primeira geração, o Marcopolo Torino ganha algumas alterações visuais, com janela do motorista maior e placa traseira não mais no para-choque, mas entre as lanternas da parte de trás.
Torino

No ano de 1986, a produção foi transferida para a fábrica da Marcopolo em Ana Rech, também em Caxias do Sul. A grade dianteira foi modificada, com frisos mais espaçados, o que melhorava a ventilação e o resfriamento dos motores dianteiros.
Este modelo foi produzido até 1988. No ano de 1989, o Torino recebia mais uma estilização. A janela do motorista começava a ganhar identidade própria. Não só por aspectos estéticos. O trânsito e os acidentes cresciam nas cidades e as indústrias tinham de oferecer veículos com visibilidade melhor para o motorista, o que significava maior área de envidraçamento.

No ano de 1990 entrava uma nova geração. Era o Torino LN (o Torino Geração IV). Além de a área envidraçada e o tamanho da carroceria ganharem maiores dimensões, o letreiro e o sistema de abertura de portas foram modernizados.
O ano de 1995 foi marcante para a família de ônibus Torino. O veículo ganhava ares mais modernos, maior espaço interno e possibilidades de encarroçamento sobre mais chassis. Surgia o Torno GV. Nesta época, a concorrência com outras marcas de carrocerias era grande.

A Caio se destaca desde 1988/1989 com o modelo Vitória. A Thamco também no início dos anos de 1980, com o Scorpion e posteriormente o Dinamus marcava presença no mercado.

Para atender às novas necessidades de mercado e para fazer frente à concorrência que o Torino anterior vivia, a Geração V teve de ser pensada em diversos aspectos. As pesquisas de campo se intensificam e in loco a Marcopolo teve de mais uma vez saber do que as empresas e os passageiros de ônibus precisavam.
No mesmo ano, em 1995, o Torino respondia a outra necessidade de mercado. A dos ônibus de grande porte para atender a demandas cada vez mais altas. Surgiam o Torino LS Articulado e o Torno LS Biarticulado, que atenderam ao mercado de BRT de Curitiba. Algumas unidades usadas de Curitiba circularam em Manaus e em São Paulo.

O Torno GV tinha novo estilo no conjunto óptico tanto na frente como atrás e a grade no caso dos motores dianteiros foi reformulada. Na traseira havia como opcional a lanterna de freio de emergência, brake-light e o nome Marcopolo em baixo relevo. O brake-ligth se tornou item de série no Torino Geração V em 1987. No ano seguinte, foi um Torino desta geração, em 1988, um dos primeiros ônibus em série do Brasil a ser encarroçado sobre um chassi de piso baixo – low entry.

O ano de 1999 foi marcante também para o Torino, que entrava numa nova geração.
Uma nova geração em relação ao aperfeiçoamento estético e funcional e porque começava a ser produzido na planta da Ciferal, no Rio de Janeiro.

A Ciferal – Companhia Industrial de Ferro e Alumínio, fundada em 1955 por um grupo de empreendedores liderados pelo austríaco Fritz Weissman, foi uma das grandes fabricantes de ônibus pioneiras do Rio de Janeiro.

Ela teve vários marcos na história, como a introdução em massa do duralumínio, material mais leve e resistente para a construção das carrocerias de ônibus. Um dos modelos mais famosos da Ciferal certamente foi o Dinossauro, desenvolvido junto com a Viação Cometa, cuja primeira unidade, inspirada nos ônibus norte-americanos que foram marca registrada da Cometa, foi apresentada oficialmente no Salão do Automóvel de 1972, sobre chassi Scania BR 115. O objetivo da Cometa era continuar liderando a rentável linha Rio de Janeiro – São Paulo.

Mas em 1982, a Ciferal sofreria um momento econômico que mudaria sua história. Além de problemas administrativos e a inflação que atacava todos os setores da economia brasileira, e com os transportes isso seria até mais evidente, a encarroçadora teve uma encomenda de 2 mil carrocerias de trólebus cancelada pela CMTC – Companhia Municipal de Transportes Coletivos, de São Paulo.

Mas o cancelamento se deu depois que a Ciferal tinha ampliado e preparado sua linha de produção para dar conta da encomenda e depois de ter comprado toda a matéria prima.
A Ciferal entrava em falência, não tinha como pagar os fornecedores. A filial de São Paulo, a Ciferal Paulista, foi adquirida pela Condor, que em 1984 entraria em falência e em 1985 se tornaria a Thamco. A sede do Rio de Janeiro foi assumida pelo Governo do Estado.

Na época, o Governador era Leonel Brizola. Há quem diga que o modelo Ciferal Padron Briza, antecessor do Ciferal Padron Alvorada, teria sido uma homenagem ao governador que evitou que centenas de empregos fossem extintos e a empresa desaparecesse.

No ano de 1990, como forma de investimento, apesar das dificuldades, a Ciferal comprou a planta de caminhões da Fiat em Xerém, no Rio de Janeiro.
Em 19 de dezembro de 1995, a Ciferal voltava para a iniciativa privada. Foi comprada por um grupo de empresários de ônibus, que criou a holding RJ Administrações e Participações.

Em 1999, porém, a planta da Ciferal foi adquirida pela Marcopolo, que aos poucos passava a produção de veículos urbanos para o Rio de Janeiro.

O Torino conviveu com dois modelos de marca Ciferal: o Ciferal Turquesa e o último a receber a denominação Ciferal, o Citimax.

Em 2007 foi lançada a atual versão do Torino (Geração 6), com novas linhas, mais sóbrias e ao mesmo tempo harmoniosas e marcantes.
O modelo também trazia área interna co melhor aproveitamento pela engenharia industrial para dar conta da demanda crescente de passageiros.

De acordo com a Marcopolo, a planta do Rio de Janeiro recebeu nos últimos três anos investimentos de R$ 30 milhões para ampliar e modernizar a produção. Entre as novidades um novo lay out produtivo, equipamentos mais avançados e uma área de pintura renovada, com quatro cabines.

“Nosso objetivo é ser reconhecida como centro de excelência na produção de ônibus urbanos no Brasil. Os investimentos realizados nos últimos anos permitiram que atingíssemos elevados padrões de qualidade e produtividade e hoje estamos com produção de 28 unidades por dia”, enfatiza Alberto Calcagnotto, diretor da Marcopolo Ciferal, em nota à imprensa especializada.

Com as perspectivas de maior demanda por ônibus no Brasil, até mesmo pelos investimentos em mobilidade urbana advindos da Copa do Mundo e Olimpíadas de 2016, que exigem ônibus de maior capacidade, a intenção ainda neste ano é de a planta do Rio de Janeiro fazer ônibus articulados e biarticulados, exclusividade, por enquanto, na fábrica de Ana Rech, em Caxias do Sul.

Hoje a planta do Rio de Janeiro tem capacidade para produzir anualmente 7 mil ônibus e tem mais de 2 mil 600 empregados.

“A Marcopolo Ciferal é responsável por mais de 30% da produção de ônibus da Marcopolo. Também vale lembrar a sua importância histórica para o Estado do Rio de Janeiro, como a primeira empresa a produzir carrocerias de ônibus naquele Estado, em 1955, e continuar a ser uma das principais companhias do polo automotivo local, em razão do elevado volume de unidades fabricadas, investimentos realizados e utilização de mão de obra intensiva” – complementa Alberto Calcagnotto, diretor da Marcopolo Ciferal, em nota à imprensa especializada.

Se é aceito no mercado interno, o Torino também faz sucesso nos outros países.
Em sua sexta geração, já teve mais de 8 mil unidades exportadas.

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes


Divulgação e Postagem de João Manoel (Equipe Litoralbus)

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