Os novos ônibus do transporte coletivo de Sorocaba, adquiridos no final do ano passado e no começo deste pela concessionária STU (Sorocaba Transportes Urbanos), têm bancos a menos para que mais pessoas viajem em pé.
A nova configuração de poltronas dos veículos, embora comum na região de Campinas, está gerando reclamações dos usuários, e curiosamente está sendo implantada em Sorocaba após a Urbes alterar a forma de remuneração das empresas concessionárias do transporte coletivo. Hoje, elas recebem por passageiro transportado, ao invés da quilometragem percorrida por seus veículos, ou seja, quanto mais pessoas dentro de um único carro, maior será o valor a ser recebido pelas operadoras.
Em linhas de longa distância, como Brigadeiro Tobias, Ouro Fino, Santa Bárbara e Senac, as poucas poltronas disponíveis são ocupadas logo quando o carro deixa o ponto final, e quem embarca no caminho tem de aguentar meia hora de percurso em pé. Na frente, próximo à roleta, e na traseira do ônibus, os bancos são dispostos em fila única ao invés de dupla.
“Você entra no ônibus morto de cansado, com problema de coluna, e ainda é obrigado a ficar de pé porque faltam poltronas?”, revolta-se o pedreiro Silas Tomé Parra, 51 anos, ao descer do carro que faz a linha Ouro Fino. “Parece que estão carregando as pessoas igual a bois, em pé, só com aquela fileirinha de bancos”, compara. As poltronas também fazem falta para a dona de casa Maria de Lourdes Honorato, de 56. “Se tinha, por que não tem mais? Dependendo da hora a gente vem em pé mesmo”, conta.
Os veículos foram fabricados pelas empresas Marcopolo e Caio sobre chassis Mercedes-Benz, e contam com até dez bancos a menos em comparação aos veículos mais antigos, sem levar em conta o espaço ocupado pela porta central, o que elimina mais oito assentos. Nos novos ônibus, apenas 32 pessoas viajam sentadas, enquanto nos veículos antigos, de mesmo tamanho e de configuração normal, há 45 poltronas. Nos ônibus mais curtos, também de três portas, há menos bancos ainda: 28, ante 41 lugares nos anteriores. São menos poltronas do que um microônibus, que tem até 33 lugares.
NORMAS CONSTRUTIVAS - Segundo a Urbes, a renovação ou implantação de veículos das concessionárias do transporte coletivo de Sorocaba atende aos critérios estabelecidos em anexo técnico do contrato de concessão. Essas exigências são baseadas nas normas construtivas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e na taxa máxima de ocupação de passageiros em pé por metro quadrado nos horários de pico. Segundo a empresa pública, a disposição de poltronas também atende à mesma norma construtiva.
A Urbes também informou que não há relação entre as alterações nos layouts internos nos veículos e a mudança na forma de remuneração das concessionárias. Segundo ela, a forma de remuneração foi amplamente discutida por ocasião da licitação dos serviços e atende à legislação vigente aplicada para concessão de serviços de transporte coletivo.
Fonte: Diário de Sorocaba
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