22/07/2010
Antes havia até serviço de bordo, hoje passageiros criticam tarifa, demora e falta de lugar nos coletivos
Frederico Goulart - A Gazeta
Criado em 1998 com o objetivo de oferecer um serviço de transporte público de qualidade para incentivar os cidadãos a deixarem seus carros na garagem e para reduzir o número de veículos das ruas, hoje, o transporte seletivo está longe de ser unanimidade.
Antes, diversas mordomias atraíam os passageiros - água mineral a bordo, música ambiente com TV, ar-condicionado, além da praticidade oferecida pelos horários flexíveis e a certeza de que a pessoa não seria transportada em pé. Hoje, essas regalias não existem, e a lista é outra: a de problemas.
Com uma tarifa que pode chegar a ser 81% mais cara que a do Transcol, a certeza dos usuários parece ser uma só. "O serviço não vale isso tudo", afirma Gilson Ferreira, funcionário público e morador de Itaparica, em Vila Velha.
A principal reclamação da enfermeira Rosângela dos Santos, de Feu Rosa, na Serra, é em relação à lotação. "O ônibus demora muito e, quando ele passa cheio, não para."
Até mesmo o serviço oferecido na cidade de Vitória, que é mais barato - a variação de preço chega a apenas 7,5% - não se livra das críticas dos usuários. "Ele é mais caro e quase nunca passa", reclama a estudante de administração Maíra Vieira.
Para Elias Baltazar, diretor-executivo do Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano (GVBus), o serviço oferecido é mesmo diferenciado. "Esse ônibus não é igual aos outros. Tanto que não é oferecido em todos os lugares. A sua qualidade e o preço mais elevado continuam justificando os atrativos próprios, como ar-condicionado e poltronas reclináveis. São carros rodoviários", alega.
No bolso
81% mais caro
É a diferença no valor da tarifa entre o Transcol (R$ 2,15) e o seletivo (R$ 3,90) para os moradores da região de Jacaraípe e Praia Grande, na Serra.
Frota em Vitória será renovada e pode aumentar
Quem mora em regiões de Vitória que ainda não são contempladas com o transporte seletivo municipal pode ver esse cenário mudar em breve. Até o final deste ano a prefeitura pretende implantar readequações nas duas linhas que atendem a Capital. A ideia é avaliar, até o fim desse prazo, as principais necessidades para reestruturar os serviços ou, até mesmo, ampliar o número de linhas.
"Recebemos muitos pedidos de moradores da Mata da Praia, Bairro República, Morada de Camburi e Praia do Canto para que os seletivos passem nesses bairros. Pretendemos ampliar ou até mesmo criar novas linhas", comentou o subsecretário de Transportes, Léo Carlos Cruz. O que está confirmado é que, até o fim de 2010, será feita a renovação da frota, que hoje é composta por 13 veículos.
Léo Carlos Cruz alegou que a secretaria não costuma receber reclamações. "Quando aparecem, elas são pontuais. Quando há algum problema específico. Mas nossa tarifa não é cara nem temos muito problema com lotação", alegou.
"Mesmo indo em pé, prefiro ir no seletivo"
Todos dos dias, o produtor musical Frederico Rafael, de 28 anos, vai trabalhar conformado com o que vai encontrar pela frente. Ele sabe que sempre vai perder horas preciosas de seu dia à espera do ônibus seletivo. Além disso, sua paciência vai esgotar-se com o desconforto de ter que encarar uma "viagem" da Serra até Vitória em pé. "Pela manhã, o problema é a lotação; e à noite, a demora", desabafa. A única motivação que o faz continuar usando o serviço é a eliminação das outras opções de transporte, que não lhe agradam: "Se é para ir em pé, eu prefiro ir no Seletivo que no Transcol", diz. Mas isso não ameniza a opinião do servidor a respeito da qualidade do serviço prestado. "É um absurdo. Pelo que é cobrado, o serviço deveria ser bem melhor", destaca.
Horário de pico tem lotação, admitem empresas
"Em horários de pico, quase todas as linhas apresentam problemas de lotação". A afirmação, sobre o transporte seletivo é do próprio diretor-executivo do Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano (GVBus), Elias Baltazar, que admite o problema.
Ele alegou que um intenso trabalho para solucionar o problema foi feito em 2010. "Noventa por cento da frota foi trocada. Foram adquiridos veículos de grande porte para substituir os micro-ônibus, o que aumentou o público contemplado", diz. Além disso, segundo ele, foi oferecida uma maior oferta em determinadas linhas.
Baltazar explica que é permitido que 30% dos espaços dos veículos sejam ocupados por passageiros em pé, mas muitas vezes, quando a lotação é alcançada, os motoristas não conseguem proibir que eles embarquem, embora a orientação seja do contrário.
Sobre o preço das tarifas, ele salientou que é estabelecido por um decreto de regulamentação estipulado pelo poder público. "No Estado, o decreto exige que o preço fique entre 60% e 100% acima do oferecido pelo serviço de transporte público comum para que não haja concorrência e chances de aumentar a tarifa do transporte tradicional", diz.
O transporte seletivo na Grande Vitória
Número de linhas: 13. São cinco que saem do município da Serra, quatro de Vila Velha e quatro da região Cariacica/Viana. Todos chegando a Vitória
Número de ônibus: 49
Número de pessoas atendidas: 257 mil
Consórcios: Dois consórcios comandam a linha Serra e Centro-Sul
Início: As duas primeiras linhas do sistema de transporte seletivo da Grande Vitória tiveram início em 1998. Elas faziam os trajetos Praia de Itapoã/Praia da Costa e Rodoviária/Praia da Costa
Os preços das Tarifas
R$ 3,90: nas linhas de Jacaraípe, na Serra, e Praia Grande, Fundão (1801 / 1805)
R$ 3,70: nas linhas que contemplam outros bairros da Serra (1802/ 1803/1804)
R$ 3,40: nas linhas de Vila Velha, Viana e Cariacica (1603/1608/1609/1610/1900/1901)
As queixas
O preço: A tarifa do seletivo pode ser até 81% mais cara que a do Transcol. Na maior parte dos casos, é 60% maior
Os horários: Devido ao número reduzido de ônibus e linhas, esses coletivos demoram muito a passar
Lotação: Na maioria das vezes, só conseguem viajar sentados os que moram perto de onde o ônibus sai
Passando direto: O excesso de passageiros faz com que muitos ônibus passem direto pelos pontos
Poucas linhas: São 13 na Grande Vitória e apenas dois na Capital
Percurso: Muitos desses ônibus não passam por algumas das avenidas mais importantes da Grande Vitória
Análise
Sem atrativo para o público-alvo
Luciene Becacici , Subsecretária de Mobilidade Urbana
Mesmo que o público-alvo do seletivo tenha uma característica em potencial de ser usuário de automóvel próprio e que o objetivo do serviço seja o de conseguir convencer esse público a deixar o carro em casa e ir de ônibus, é necessário que o serviço prestado pelas empresas seja compatível a conforto, qualidade e mobilidade. Os principais problemas que afastam o motorista do transporte coletivo são o engarrafamento, a lotação e a falta de pontualidade. Para convencer o usuário a trocar o carro pelo ônibus, o transporte público tem que ser priorizado no trânsito, com faixa exclusiva para fugir do engarrafamento. Também é necessária tecnologia que garanta pontualidade; informativos de programação, itinerário e horários por internet e pagamento prévio da passagem (como em metrô). Além disso, deve haver uma frequência maior de viagens, além da integração com estacionamento para carros e bicicletários.
Na Capital
Início. O sistema de transporte seletivo municipal de Vitória foi criado em 1990
Linhas atuais. São duas: 110 e 290
110. Faz o itinerário Jardim Camburi/ Parque Moscoso, passando pela Reta da Penha
290. Faz o itinerário Jardim Camburi/ Parque Moscoso, passando pela Avenida Beira-Mar
Ônibus. São 13 veículos. Desse total, seis fazem a linha 110; e sete, a linha 290
Itinerário. Cada ônibus das duas linhas sai de Jardim Camburi de 20 em 20 minutos. Intercalados, eles saem de 10 em 10 minutos
Tarifa. Custa R$ 2,15. O valor cobrado pelos ônibus da linha municipal é de R$ 2,00, uma diferença de 7,5%
Alcance. Segundo a Secretaria de Trânsito de Vitória a linha 110 atende a 46 mil passageiros por mês. Já a linha 290 atende 50 mil passageiros por mês
Mudança. No início deste ano, as linhas tiveram seus percursos reduzidos para transportar mais gente em menos tempo. Se antes iam até a rodoviária, agora elas retornam no Parque Moscoso. A volta no bairro de Jardim da Penha também foi reduzida
Fonte: Gazeta On Line
Como faço para trabalhar nessas linhas?
ResponderExcluirMeu nome: Sidinéa B.Fonseca, tenho 55 anos.
Moro em Jd.Camburi, gostaria de trabalhar como trocadora nessas linhas.
Meu tel. 27-98589455
sidabraga@hotmail.com
Obrigada.